domingo, 16 de outubro de 2011

Parabéns ao Dia Mundial da Alimentação - 16/10/2011

Para pensar um pouco nas questões da alimentação, sugiro estas duas crónicas do médico Lima-Reis.

É possível ler as suas crónicas na revista Notícias Magazine, onde se debruça regularmente sobre todo o tipo de alimentos: café, favas, azeite, vinho, chouriço, etc. É com toda a certeza um bom garfo. 

Por não ser vegetariano ou vegano, é particularmente importante a opinião deste médico acerca das dietas vegetarianas ou veganas (favorável) e acerca da soja (simpatizante).


Seria mais fácil apresentar um elogio do veganismo e da soja feito por um vegano, mas acho mais interessante quando é feito por um médico que não vegano nem dependente da soja:


E porquê falar do vegetarianismo ou do veganismo no dia que a FAO (a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) escolheu para nos consciencializar para a situação vergonhosa (de fome) que ainda hoje é vivida por muitos seres humanos?

É que a opção por uma dieta vegana ou vegetariana não tem apenas impacto na vida dos animais, tem também na vida dos seres humanos, pois uma alimentação carnívora, por ser ambientalmente onerosa (gasta mais água, desgasta mais os solos, polui mais a atmosfera, etc.), está obviamente associada à exploração dos povos do terceiro-mundo pelos povos ricos (e pacientes de cancro no aparelho digestivo, AVC, diabetes, etc.).

Para mais (e estatisticamente documentadas) informações, ler Libertação Animal, de Peter Singer, o Capítulo 4, "Ser vegetariano... ou como produzir menos sofrimento e mais alimento com um custo reduzido para o ambiente".   


domingo, 9 de outubro de 2011

Recomendação: J. M. Coetzee

J. M. Coetzee (1940 - ...) é um escritor sul-africano que foi premiado com o Nobel em 2003.


Tem vários livros publicados, alguns deram filmes excepcionais (como Disgrace), mas há dois especiais já traduzidos para português:

As Vidas dos Animais (1999) e Elizabeth Costello (2003)


O primeiro, As Vidas dos Animais, é composto por uma fábula-conferência de Coetzee em torno da personagem Elizabeth Costello, uma romancista australiana frequentemente convidada a fazer conferências em universidades; numa delas, em vez de falar sobre literatura, espanta e desconcerta o auditório quando começa a falar sobre a intolerável crueldade que os humanos exercem sobre os animais.
Além disso, o livro tem também as reacções de outros autores a esta fábula-conferência: a teórica da literatura Marjorie Garber, o filósofo Peter Singer, a especialista em questões religiosas, Wendy Doniger, e a primatóloga Bárbara Smuts.

O segundo livro, Elizabeth Costello, o autor desenvolve e aprofunda a história da personagem Elizabeth Costello e cruza-a com reflexões acerca da literatura.



Segundo os comentadores dos textos de Coetzee, a inspiração de Coetzee para a criação da personagem Elizabeth Costello terá sido Mary Midgley (1919 - ...),


a veterana e carismática filósofa moral inglesa, autora de muitas obras (Beast and Man: the Roots of Human Nature, de 1978; Animals and Why They Matter, de 1983) e de palestras polémicas como esta, onde questiona a tese do "gene egoísta" de R. Dawkins:

Ver vídeo: http://youtu.be/qSFEr2zV5Oo

Ler um artigo seu (também contra Dawkins) publicado no jornal Britânico THE GUARDIAN: http://www.guardian.co.uk/commentisfree/belief/2009/apr/20/religion-philosophy-hobbes-dawkins-selfishness

Recomendação: "animal.org.pt"

Recomendo o site da ANIMAL. Visite-o em: http://animal.org.pt/


É uma associação que "tem como missão defender, estabelecer e proteger os direitos de todos os animais não-humanos que sejam seres sencientes, acreditando que cada animal importa por si próprio enquanto indivíduo. A ANIMAL rege-se pelo princípio central de que os animais não-humanos não são propriedade dos humanos e que, nesse sentido, não são nossos para que sejam comidos, usados como roupa, calçado ou acessório, usados como instrumentos de pesquisa e experimentação, como objectos de entretenimento ou usados de qualquer outra forma ou com qualquer outro fim."

Esta associação "desenvolve o seu trabalho fundamentalmente através da educação e consciencialização do público" (...) através da "organização de conferências, palestras e debates em escolas e universidades, a produção e distribuição de materiais educativos em escolas sobre os animais e os seus direitos, o desenvolvimento de investigações especiais a situações de crueldade contra animais, seguidas da produção de relatórios e documentários em vídeo com o registo de imagens obtidas nas investigações como base para a denúncia pública dos casos de crueldade contra animais que investiga, a realização de campanhas públicas de informação, alerta e protesto, a promoção do avanço da legislação de protecção dos animais, da fiscalização e aplicação da mesma, acções judiciais, e, sempre que possível, o resgate, acolhimento e protecção de animais em situações de abuso, abandono ou negligência."

Também o seu site é um espaço de educação e de consciencialização de quem o visita. Tem várias secções. Uma, a mais destacada, chama-se "Notícias & Apelos", dá a conhecer as suas iniciativas e faz um apelo à participação dos cidadãos.
São várias: a Iniciativa Legislativa de Cidadãos "Por uma Nova Lei de Protecção dos Animais", a petição "Tauromaquia a Património Cultural Não", o abaixo-assinado "Diga NÃO aos cosméticos cruéis" e "Protesto contra a Tourada".

Tem também uma "Cinemateca", onde recomenda vários filmes que têm a ver com a causa animal, e uma secção destinada ao esclarecimento sobre o que é ser vegetariano: "o que é ser vegetariano, iniciação ao vegetarianismo, seja vegetariano em 3 passos, vegetarianismo na gravidez,  bebés e crianças vegetarianas, vegetarianismo na terceira idade, vegetarianismo e prática de desportos".

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Parabéns ao Dia Mundial dos Animais

Desde 1929 que se comemora o Dia Mundial dos Animais no dia 4 de Outubro, em homenagem a São Francisco de Assis (que nesse dia alcançou a "vida eterna"), um italiano que viveu nos séculos XII-XIII e, entre muitas coisas, ficou conhecido pela sua simpatia pelas criaturas não humanas do mundo.
Apesar de o seu legado ser mais ambiental do que animal, ficou a associação entre o santo e os animais, sendo que o mais importante é, obviamente, é a existência de um dia dedicado aos animais e à sensibilização dos humanos para a necessidade de respeitar e cuidar dos animais.

Nem de propósito, hoje fui com a Lylla ao veterinário para realizar umas análises de rotina e descobri que a pobrezinha tinha um chumbo (de espingarda) na perna. Foi retirado, mas tudo indica que terá muitos mais. Ex-cadela de caçador, já se sabe...
De acordo com o veterinário, o organismo dos cães (o nosso também, lembro-me de ver isso na série CSI) adapta-se e torna-se capaz de conviver com os chumbos que aloja. Mas não deixa de ser arrepiante imaginar o sofrimento da Lylla no momento em que levou o tiro e a crueldade do dono ou do congénere que a "chumbou"... Agora percebo o estrutural pavor da Lylla e os seus bloqueios...

Felizmente, a Lylla já começa a interagir connosco e a expandir-se mais. Acho que está a ganhar gradualmente auto-confiança. E apesar de ainda desviar o olhar, já se deixa fotografar (acordada):


Obrigada, ABRA, por nos proporcionares mais esta experiência!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O que é o seitan?

Ao contrário do que se diz no filme O Pai Tirano, o vegano ou o vegetariano não come só comida de grilo, como a alface.

O seitan é um óptimo "argumento" contra esta convicção popular segundo a qual o vegano é aquele que come erva.

Dizem os peritos que em japonês seitan quer dizer "é proteína". E é, de facto, proteína, pois o seitan é o resultado da "libertação" da proteína do cereal (chamada glúten) em relação aos outros componentes do cereal, nomeadamente os hidratos. Tal como o tofu (o leite do feijão da soja coagulado), a produção do seitan é uma arte milenar oriental que, felizmente, chegou ao Ocidente e a Portugal.

Na página 94 do livro Tudo o que comemos conta, Geninha Horta Varatojo (uma das professoras do Instituto Macrobiótico Português - http://www.e-macrobiotica.com/) define o seitan e explica como se faz a partir de farinha de trigo.


Numa segunda fase, o seitan cru é cozido em água e condimentos como o sal durante cerca de 50 minutos. Depois de cozido e arrefecido, guarda-se no frigorífico e a qualquer altura pode ser usado para estufar, fritar, cozer, assar, etc.

Quem não está para o fazer em casa, pode encontrar o seitan confeccionado de diferentes modos, em diferentes marcas, em diferentes hipermercados e pronto a cozinhar:



É a minha proteína vegetal preferida e é aquela que permite fazer pratos mais parecidos com os tradicionais, por exemplo, os bifinhos de seitan no forno (parecem lombo assado), as iscas de seitan panadas fritas, etc.

Só tem um inconveniente: o seitan não é recomendado para os celíacos (os que não têm tolerância ao glúten). Esses têm justamente que comer derivados de cereais (pão, bolachas, etc.) sem glúten e, se forem veganos, limitar-se à soja (incluído o tofu) e às restantes leguminosas (favas, feijões, grão-de-bico, etc.).

domingo, 2 de outubro de 2011

Parabéns (atrasados) ao Dia Mundial do Vegetarianismo!

Desde 1977, e graças à iniciativa de Sociedade Vegetariana Norte-Americana, o dia 1 de Outubro é o Dia Mundial do Vegetarianismo.

A intenção era e é chamar a atenção para as vantagens da alimentação vegetariana para a saúde dos humanos, da Terra e, obviamente, dos animais.

Em Portugal, as comemorações estendem-se ao longo de uma semana! Mais informações em: http://www.semanavegetariana.com/

O jornal SOL (30/09/2011) fez uma simpática reportagem (p. 40-41) sobre a história do vegetarianismo em Portugal. Ironia das ironias (ou não, para quem conhece a fundo a história do Porto), tudo começou na cidade tripeira, o Porto:

"O grande impulsionador do vegetarianismo e do naturismo foi o médico Amílcar de Sousa, que vivia no Porto e conseguiu mobilizar outros médicos e personalidades da burguesia portuense para 'o estilo de vida natural e saudável'. Em 1911 foi fundada a Sociedade Vegetariana de Portugal pelo comité que publicava a revista O Vegetariano. (...)
Em 1913 abria com alarido o Grande Hotel Fruti-Vegetariano, a dois passos da estação de São Bento no Porto. (...)
Na mesma altura surgia em Lisboa, no número 100 da Avenida da Liberdade, a Maison Vegétarienne, um espaço que aplicava os princípios do vegetarianismo. (...)
No filme O Pai Tirano, de 1941, há uma passagem que brinca com um dos personagens que 'só come comida de grilo', e este responde que o grilo 'é um bicho sábio, pois alimentando-se exclusivamente de vegetais, segue a lei sã da natureza'". (p. 40).

Já agora, eis o grilo mais famoso dos desenhos animados (no tempo em que os desenhos animados eram desenhos bonitos e inocentes e tinham moral... da história), o Grilo Falante (nem de propósito, a voz da consciência de O Pinóquio):





Para os mais nostálgicos, um excerto de O Pinóquio em vídeo:

http://youtu.be/Liz6e4JYP6w