domingo, 29 de janeiro de 2012

História de uma gorila filha adotiva de um casal humano: é bom saber que há casos "piores" do que o meu

Em minha casa, já há quase tantas fotos de animais não humanos como de animais humanos (família e  amigos):


Já vai em quinze o número de meninos e meninas da ABRA que passaram cá por casa até encontrarem os seus donos definitivos...

Neste momento, estão cá as criancinhas Clarinha e Pretinha:


Apesar da paz que inspiram quando dormem... digamos, em termos piagetianos, que a fase sensório-motora (exploração do meio com as patas, a boca, etc.) que atravessam dá azo a algumas peripécias domésticas. Mas vale a pena!

Ora, em França, em Saint-Martin-sur-Plaine (a toponímia francesa é deliciosa), há um casal que dorme com uma gorila do jardim zoológico local!!! Vendeu o seu apartamento e dorme com ela numa espécie de anexo do jardim zoológico!!!

É certo que se trata de um discutível jardim zoológico (muitos filósofos da causa animal propõem o seu fim), é certo que se trata do casal proprietário do jardim zoológico... Provavelmente, trata-se de uma estratégia publicitária...

Mas a excentricidade deste casal não deixa de estar associada ao cuidado extremo e à afeição incondicional por esta gorila carente e sortuda... E não deixa de ser um bom exemplo de uma família feliz, ainda que híbrida...

Ver o vídeo:

Mundo - História de uma gorila filha adotiva de um casal humano - RTP Noticias, Vídeo

sábado, 21 de janeiro de 2012

Ainda sobre o eventual falhanço da petição contra as Touradas: Cecilia Bartoli e "Sacrificium"

O que é que o eventual falhanço da petição contra as Touradas tem a ver com a cantora lírica Cecilia Bartoli e o seu mais recente cd (já é de 2009) "Sacrificium"?

Tudo. Este cd chama-se Sacrificium porque é uma homenagem a todos os castrati, cantores castrados em meninos (normalmente órfãos e abandonados) para que as suas vozes ficassem como as das cantoras (soprano, mezzo-soprano ou contralto), mas com a potência pulmonar de um homem.

Esta foi uma prática normalíssima até século XIX, a Itália foi o último país a proibir os castrati; depois da Itália, só mesmo o Vaticano, em 1902, por ordem de Leão XIII.

Era uma prática cruel, com efeitos devastadores nos meninos e sobretudo nos homens castrados - aconselho o belíssimo filme Farinelli, justamente sobre o sofrimento de um castrado famoso...




Ora (e já nem falo dos eunucos do Império Bizantino), se nos séculos XVI, XVII, XVIII e até mesmo XIX, mesmo depois da Declaração Universal dos Direitos do HOMEM, alguém ousasse questionar a castração dos meninos invocando o seu sofrimento e o seu direito à integridade corporal... a elite e o povão rir-se-iam certamente e diriam que era em nome de uma arte: a música e o canto...

Hoje, muitos parlamentares (e muito do povão português) riem-se com os direitos dos animais e com o fim das touradas (porque é uma arte, blá, blá, blá)....

Mas, como dizia Jeremy Bentham, "Há-de vir o dia..." em que a tourada nos parecerá tão repugnante como o canto castrato, mesmo que artístico...

Por isso, gosto tanto deste cd.

Primeiro, porque a Cecilia Bartolli está esplendorosa e prova que uma mulher pode fazer o que quiser, se tiver vontade de o fazer. Ela confessou que foram árias muito difíceis de interpretar (precisamente porque foram feitas para pulmões de um homem), mas nós quando a vemos (ela é grande!) e sobretudo quando a ouvimos cantar, não damos por isso...

Depois, porque é um cd em forma de livro, já que além dos 2 cd e do libretto, tem 151 páginas em inglês, francês e alemão, com a história do fenómeno dos castrati - "Evviva il coltellino!", qualquer coisa como "Viva a faca!" - e com um glossário vastíssimo sobre tudo e todos os que tiveram a ver com este fenómeno. Para não falar das belas fotos e pinturas...

Finalmente, MAS NÃO EM ÚLTIMO, porque quando o ouço, sinto que houve progresso civilizacional (o que quer que isso seja...), pelo menos porque já não nos podemos dar ao luxo de ouvir "Ombra mai fu" (não houve sombra) do Handel à custa do sangue e do desespero de uma pessoa! Ouvimos de outra maneira, que mesmo se inferior ponto de vista estético (não é o caso), é muito superior do ponto de vista moral.

Há-de vir o dia em que pensaremos, sobretudo PRATICAREMOS, do mesmo modo com os animais não humanos... É engraçado, eu que sou uma pessimista a roçar o trágico, o niilista e o relativista... acredito que esse dia virá... Com passos pequeninos como petições, iniciativas de cidadãos e outros!

Para quem quiser ouvir trechos e a entrevista com a Cecilia Bartoli:

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Valeu a pena! Petição anti-tourada chegou à Assembleia da República!

Depois de muitas assinaturas recolhidas por muitas associações protetoras de animais (a ANIMAL, por exemplo), as sete mil assinaturas chegaram ontem (19 de janeiro) ao parlamento.

Segundo o Jornal I, a maioria dos parlamentares concorda com as touradas... por isso, nada feito para acabar de vez com esta vergonha que muitos dizem ser arte:



Mas é um bom começo!

Para ler a notícia:
Polémica chega ao parlamento. Partidos não matam a tourada | iOnline

Je suis tombé récemment amoureux...



O (grande) filósofo Jacques Derrida disse um dia numa entrevista:

<Je suis tombé récemment amoureux de l'expression française “une fois pour toutes”>

(na revista Le Monde de l'Éducation, n. 284, septembre 2000).


À luz da Descontrução, esta paixão derridiana faz todo o sentido, embora não se justifique a sua explicação neste momento, neste blogue e para este efeito:

Sempre que me apaixono por algo inesperado (uma ideia, um objeto, etc.), lembro-me sempre de Derrida que confessou a sua paixão pela expressão francesa "une fois pour toutes"... Paixões não se discutem!

Pois bem, recentemente apaixonei-me por... figos secos! Em francês é tão bonito:

<Je suis tombée récemment amoureuse de figues sèches>

(P.S.: Obrigada, Assucena, pela sua preciosa correção do meu francês de "Ciclo Preparatório").

Os figos-secos são os meus "novos" bombons!

Uma vez que é difícil encontrar bombons de chocolate sem leite de vaca, descobri os figos secos. São igualmente calóricos (desde que não comamos muitos de seguida...), mas são muito nutritivos, sobretudo em potássio (e outros minerais) e em vitaminas.

Em Portugal, temos muitos tipos de figos-secos, embora só se encontrem em mercearias de bairro, pois nas grandes superfícies só há figos-secos do estrangeiro (nada de chauvinismo, mas para se conservarem, vêm cobertos com um verniz esquisito que me parece pouco recomendável).

Neste Natal, "empanturrei-me" com figos-secos de Trás-os-montes:



São tão bonitos!


Ultimamente, tenho ao lado do computador figos-secos pretos de Torres Novas:



Têm um gostinho especial e a vantagem de não terem farinha (como os transmontanos) para se conservar...

P.S.: Já agora, também gosto muito de pêras secas, mas não têm o estatuto de bombom...

Apresento à sociedade: Clarinha e Pretinha

Sim, sou péssima a batizar animais. O meu cãozinho chamado Cãozinho que o diga!

Mas, a verdade é que as meninas que me apareceram cá em casa no Natal, vindas do Canil a pedido da ABRA... cresceram e estão liiiiindas!



Clarinha:


É muito "lady", muito elegante, muito calminha, gosta muito de colo, de atenção, de sonecas, etc. É uma boa cadela de companhia.

P.S.: Faz as necessidades num caixote com jornais na varanda.


Pretinha:


Tem um ar "clownesco", logo é muito engraçada, muito inteligente, muito expressiva, muito precoce em tudo, hiperativa, curiosa, etc. É uma animação!

P.S.: Faz as necessidades num caixote com jornais na varanda.