mãe: gata Maria Tola; pai: incógnito.
16 de fevereiro de 2012, Cidade de Braga (em casa).
Foi a enterrar em Luso, debaixo de um arbusto de que gostava muito (talvez pelo aroma), curiosamente chamado "Lúcia-lima" (vulgarmente conhecido por limonete):
O nosso Prémio Camões, Manuel António Pina, escreveu um poema muito bonito (escreve tantos, tão bonitos, sobre os animais e os humanos - provando que se pode ter simultaneamente um respeito incondicional pela humanidade e pelos restantes animais) sobre o cão, mas que se aplica muito bem à minha gata Luna, mutatis mutandis:
<<O cão tinha um nome
por que o chamávamos
e por que respondia,
mas qual seria
o seu nome
só o cão obscuramente sabia.
Olhava-nos com uns olhos que havia
nos seus olhos
mas não se via o que ele via,
nem se nos via e nos reconhecia
de algum modo essencial
que nos escapava
ou se via o que de nós passava
e não o que permanecia,
o mistério que nos esclarecia.
Onde nós não alcançávamos
dentro de nós
o cão ia.
E aí adormecia
dum sono sem remorsos
e sem melancolia.
Então sonhava
o sonho sólido em que existia.
E não compreendia.
Um dia chamámos pelo cão e ele não estava
onde sempre estivera:
na sua exclusiva vida.
Alguém o chamara por outro nome,
um absoluto nome,
de muito longe.
E o cão partira
ao encontro desse nome
como chegara: só.
E a mãe enterrou-o
sob a buganvília
dizendo:
"É a vida...">>
Manuel António Pina
Só quem privou com a Luna é que consegue entender a expressividade dos olhos, da pose, dos movimentos e do miar. Apesar de esquiva, foi uma gata de quem sempre gostei. Deste-lhe uma vida boa e ela deu-te uma companhia única. É tudo o que importa.
ResponderEliminarSérgio.
Obrigada pelo teu tom politicamente correto...
ResponderEliminarMas a verdade é que ela não era muito simpática contigo.
Apesar de às vezes lhe chamares ofensivamente "gato"... agradeço a tua paciência e o teu carinho com esta gata "prima donna", não por acaso conhecida no resto da família por "pia nona" (a papisa).
A Luna não teria sido tão especial se não tivesse sido exclusiva, tão gata de uma só dona, ou seja, se não fosse só tua... Gostamos mais dos animais quando eles nos preferem acima de tudo.
ResponderEliminarQuanto ao "gato", era um tratamento de pseudo ralhete, bem sabes...
Claro que sei!
ResponderEliminarO raças do gato!
ResponderEliminarAdeus, Luna!
O raças mesmo! Tão simpática, tão dada, tão sociável! Bem... talvez não! Mas tão especial...
ResponderEliminarUm texto muito bem escrito, a acrescentar a um poema lindo de Manuel Pina. Lúcia quero saúdar o carinho e atenção que tu detinhas pela Luna, ela de facto foi a gata mais feliz do mundo graças à sua família, onde tu detinhas o papel principal.
ResponderEliminarNesta fase não posso deixar de delegar um texto que me enviaram para o facebook que se adequa ao momento. O texto transparece a ideia de um cão sobre o seu dono, não se adequa minimamente a ti pois, denotas sempre um enorme cuidado e estima pelos animais, no entanto acho por bem referi-lo, para conscienzializar outrém:
"Meu querido dono:
A minha vida deve durar entre 10 e 15 anos, já estou com algu...ns . Qualquer separação é muito dolorosa para mim. Não fiques zangado por muito tempo e não me prendas em nenhum lugar como punição. Tu tens o teu trabalho, os teus amigos as tuas diversões.Eu não tenho família... SÓ A TI TENHO ! Fala comigo sempre. Compreendo bem o teu tom de voz e sinto tudo o que me dizes. Ficará gravado em mim para sempre, jamais esquecerei. Antes de me bateres por algum motivo, lembra-te que tenho dentes ... mas, eu não lanço mão deste recurso por te amar. Antes de me ralhares por ser preguiçoso ou teimoso, vê antes se há alguma coisa a incomodar-me... Talvez eu não esteja comendo bem. Posso estar resfriado, doente ou o meu coração pode estar a ficar mais fraco… Cuida sempre de mim, mesmo quando eu ficar velho e cansado… Por favor NÃO ME ABANDONES! ama-me, pois independente de qualquer razão, eu te amarei para sempre! E quando chegar meu último e mais difícil momento, fica comigo. Não digas... não posso ver isso.. a tua presença será mais fácil para mim. A fidelidade de toda a minha vida deverá compensar este momento de dor.
Te amo meu dono."
Beijocas
Tiago(cunhado)
Obrigada, caro cunhado Tiago!
ResponderEliminarRealmente, a Luna morreu, mas enquanto viveu foi feliz! Isso é o que importa!
Acho que já li algures esse texto sobre a fidelidade incondicional do cão, que realmente se adequa muito bem a outros animais domésticos como o gato...
A inteligência, as atitudes caprichosas, as interações com humanos e outros seres e o seu ar altivo faziam da Luna uma gata...estranhamente diferente!
ResponderEliminarMesmo para quem a observou duramente morta e seca (como eu) não podia deixar de reparar na posição serena, no seu pêlo brilhante e sedoso, no aspecto irrepreensível, como sempre!
As minhas homenagens à minha Princesa AnneLiese (como lhe chamava).
Cecília (sister)
Cara professora:
ResponderEliminarLamento muito saber. Nas suas aulas, recordo-me bem do olhar cheio de ternura com que falava da Luna. Os meus sentimentos e que descanse em paz.
Já agora, gostaria de lhe deixar também os meus parabéns pelo seu blogue que muito nos auxiliou nas aulas e que, por certo, muitos corações tocou.
Com os melhores cumprimentos,
Sara Gonçalves.
Obrigada pelos seus sentimentos!
ResponderEliminarTenho muitas saudades dela. Apesar de ter retirado da minha vista a maior parte dos seus vestígios (almofadas, mantinhas, tronco de madeira para afiar as unhas, etc.), lembro-me dela muitas vezes... Foram doze anos de "união de facto"!
E, apesar de ela não ter tido uma "personalidade fácil" para com os outros membros da minha família (humana), comigo ela foi sempre... incondicional!
Quanto ao blogue, obrigada pelo seu elogio, mas não posso mesmo continuar a alimentá-lo devido à necessidade de canalizar todo o tempo livre para o doutoramento. Além disso, o blogue não foi apagado, os seus conteúdos continuam disponíveis, só não serão atualizados...
Até!