sexta-feira, 17 de junho de 2011

António Damásio

Dispensa apresentações. É simplesmente o nosso cientista mais famoso (académica e cientificamente falando).
Notabilizaram-no, entre muitas outras coisas, a edição de obras como:

O Erro de Descartes. Emoção, Razão e Cérebro Humano (trad. Dora Vicente e Georgina Segurado), Europa-América, Mem-Martins, 1995;

O Sentimento de Si. O Corpo, a Emoção e a Neurobiologia da Consciência (trad. P.E.A.), Europa-América, Mem-Martins, 2000;

Ao Encontro de Espinosa. As emoções Sociais e a Neurobiologia do sentir (trad. P.E.A.), Europa-América, Mem-Martins, 2003.

e mais recentemente

O Livro da Consciência. A construção do Cérebro Consciente (trad. Luís Oliveira Santos), Temas e Debates/Círculo de Leitores, Lisboa, 2010.




Este livro é especialmente recomendável porque é, tal como o autor informa nas primeiras páginas, um recomeço: "Todos os livros devem ser escritos por uma boa razão e a razão para este foi começar de novo" (p. 23).

E é assim que assistimos ao longo da obra a uma revisitação de questões já abordadas e, em duas delas, a uma alteração profunda do seu ponto de vista, a saber, "a origem e a natureza dos sentimentos, e os mecanismos por trás da construção do eu".

Há uma questão em particular que é alvo de um maior esclarecimento: quais os animais não humanos que, além de consciência nuclear, têm também um EU AUTOBIOGRÁFICO.

Nesta obra, são identificados: “os lobos, os nossos primos símios, os mamíferos marinhos, os elefantes, os felídeos e, claro, aquela espécie especial chamada cão doméstico” (p. 45).

No fundo, não é nada para o qual o autor não tivesse já alertado quando confessou em O Sentimento de Si:

"Nos tempos em que estudava medicina e neurologia, lembro‑me de perguntar a algumas das pessoas mais sábias que me rodeavam como é que produzíamos a mente consciente. Curiosamente, a resposta era sempre a mesma: o segredo está na linguagem. Diziam‑me que as criaturas sem linguagem estavam limitadas à sua ignorante existência, ao contrário de nós, felizardos humanos, a quem a linguagem permitia conhecer. A consciência era uma interpretação verbal dos processos mentais em curso. A linguagem providenciava o afastamento necessário para podermos olhar para as coisas com a distância necessárias. Esta resposta pareceu‑me sempre muito simples, simples demais para explicar um fenómeno que eu imaginava na altura impossível de explicar dada a sua complexidade. E a resposta não só era simples, mas também improvável, dado o que me era dado ver sempre que visitava o Jardim Zoológico. Nunca acreditei na resposta e agrada‑me muito nunca ter acreditado” (p. 133).

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