Gareth B. Matthews
Santo Agostinho (trad. Hugo Chelo), Lisboa, Edições Setenta, 2008.
Santo Agostinho pode ter tido todos os defeitos do mundo (por exemplo, abandonar a mãe do seu filho Adeodato para se dedicar a Deus - um santo não devia ter feito isso a uma mulher!), mas é um escritor apaixonante e deixou um legado controverso que muito tem dado que pensar aos que o lêem. Obrigada, Santo Agostinho!
Gareth B. Matthews escreveu, entre muitas outras coisas, Santo Agostinho, para analisar de um modo simultaneamente acessível e rigoroso os principais assuntos tratados por este teólogo/filósofo.
Agrada-me muito a maioria das suas reflexões, mas há uma, no capítulo "O problema das outras mentes" que muito me sensibilizou:
"Ao tornar-me vegetariano, não se tratou tanto de alterar as minhas opiniões sobre novilhos e galinhas, mas antes de mudar a minha atitude em relação a eles. Contudo, isto não quer dizer que o raciocínio não tenha desempenhado qualquer função. Assim, para mim, foi importante que me tenham dado provas de que todas as aves e mamíferos sonham. Penso que não há provas similares desta actividade nos anfíbios, peixes ou animais inferiores. Raciocinei do seguinte modo: qualquer organismo que sonhe tem muito provavelmente algum género de experiência subjectiva, talvez não muito diferente da minha. Ao pensar sobre isso, descobri que não quero comer sonhadores. O raciocínio influenciou as minhas atitudes" (p. 109).
Quem já se deteve por alguns instantes a contemplar os seus animais a dormir (a sonhar, por vezes pesadelos, a avaliar pelos movimentos e pelos seus "vocábulos"!) não pode ser indiferente a esta passagem de Gareth B. Matthews...
Na foto, o Barbichas (o cão - o amarelo - da ABRA mais "calmeirão" que passou por minha casa) e o Luisinho (o cachorrinho - o preto - da ABRA mais irrequieto que passou por minha casa):
Estará S. Agostinho a dar voltas no túmulo por causa destas reflexões de Matthews a partir do que o santo escreveu em obras como Da Trindade?
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