Apesar de me ter apaixonado pelo "evergreen" minhoto e particularmente pela chuva e pelo "céu de chumbo" bracarense, gosto muito do Alentejo, em especial de Monsaraz, uma vila fortificada altaneira, cuja beleza foi enriquecida com a chegada de um extenso espelho de água do Guadiana depois da construção da barragem do Alqueva. A paisagem é de cortar a respiração, pelas razões opostas às de Braga: o azul luminoso do céu e da água!
Não consigo compreender como é que um povo tão privilegiado e com tão bom gosto insiste em realizar no dia da festa em que honra "Nosso Senhor Jesus dos Passos" uma tourada com touro de morte... Dizem que é tradição... Como se tudo o que é tradição (escravatura, violência doméstica, trabalho infantil, etc.) pudesse ser mantido sem mais e como se a tradição por si só se sobrepusesse à moral e, no caso concreto, à lei, pois continua a ser proibido: os toureiros amarram o touro (a típica cobardia marialva!), tapam-se com um tecido negro e um deles, para não ser identificado pela GNR, mata o touro (um assaltante de uma joalharia é menos criminoso por ir encapuzado?). Depois doam generosamente a carne do touro a uma instituição de caridade...
A comunicação social dá a noticia (por exemplo, http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/morte-ilegal-de-touro-em-monsaraz)
e tudo continua na mesma, excepto para o único inocente de toda esta palhaçada: o touro...
De facto o nosso país prende-se demasiado a tradições e princípios culturais que têm em conta mentalidade antigas, esquecendo-se a necessária evolução. Infelizmente não é fácil mudar mentalidades ainda para mais em meios que apesar de belos como é o caso de Monsaraz, são isolados noutros aspectos, como é o caso da tradição tauromáquica ultrajante para os animais.
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